
Moradores do Passo da Pátria fizeram fogo em barricada. PM diz que houve troca de tiros
Matheus Teodósio, de 21 anos, foi morto na manhã da quinta-feira (2)
durante uma operação da Polícia Militar, na comunidade do Passo da
Pátria, zona Leste de Natal. Em protesto, familiares, moradores da
região e amigos atearam fogo em uma barricada e obstruíram parte da
Avenida Governador Rafael Fernandes, na altura da estação da Caern. Eles
pediam justiça e alegavam que a vítima teria sofrido disparos à
queima-roupa, mesmo após ter se rendido. A Polícia Militar contesta a
versão e diz que morte foi provocada por uma troca de tiros.
À frente da manifestação estava a irmã de Matheus, Yasmin Teodósio.
“Estou revoltada, estava no interior e me disseram que meu irmão tinha
morrido. Eu precisava disso? Vir aqui resolver coisas com a funerária
por causa do meu irmão morto dessa forma? Falei com ele hoje pela manhã e
isso aconteceu depois, a gente só quer justiça”, desabafa. Yasmin conta
que o irmão tinha o sonho de ser MC. “Hoje mais um sonho foi
interrompido por esses corruptos, que assassinaram covardemente meu
irmão. Vão dizer que era envolvido com droga, com arma, mas eles não
respeitam a comunidade. A gente não pode nem andar por aqui, que eles
chegam atirando, matando, é sempre isso aqui”, completa.
O
coronel Sérgio Moura, da PM, nega truculência na abordagem e diz que a
morte ocorreu em decorrência de uma troca de tiros, iniciada por
Matheus. Ao longo da manhã de quinta (2), os policiais fizeram uma
operação na comunidade do Passo da Pátria e apreenderam 1,4 quilo de
substância análoga à cocaína; 1,2 quilo de substância análoga à maconha;
980 gramas de substância análoga ao crack e um revólver calibre 38.
“Foi
mais uma operação aqui na região contra o tráfico de drogas. Durante a
ocorrência foi identificado um indivíduo em 'fundada suspeita' e foi
feita a abordagem. Ele atirou contra a viatura, houve a troca de tiros e
ele foi a óbito. Foram encontradas com ele grandes quantidades de
drogas e uma arma”, afirmou o coronel Sérgio.
Pelo
menos quatro viaturas da PM permaneceram no local durante a tarde,
depois da operação, para acompanhar o protesto dos moradores. Disparos
de arma de fogo e bombas puderam ser ouvidos no local. “Houve essa
ocorrência aqui pela manhã, com tiroteio, e a gente segue fazendo aqui a
segurança porque a população está fazendo a manifestação, o que é
legítima e eles têm todo o direito”, afirma um dos PMs.
No
início da tarde, os manifestantes colocaram fogo em pneus e outros
objetos na Av. Governador Rafael Fernandes para fechar a via, o que fez
com que motoristas e motociclistas recuassem diante da barreira. Além da
PM, foram acionadas viaturas da Secretaria Municipal de Mobilidade
Urbana (STTU) para controlar o tráfego e um carro do Corpo de Bombeiros
para apagar as chamas.
Os bombeiros conseguiram
controlar o fogo e a via foi liberada, mas após a saída dos agentes, os
moradores voltaram a obstruir a via. Os PMs e os bombeiros voltaram
para o local e refizeram o processo. “A gente está fazendo isso porque
não aguenta mais. Sempre eles entram desrespeitando todo mundo, idoso,
criança, não interessa. Chegam de cara coberta e mandam calar a boca,
chamando todo mundo de vagabundo. Mataram um rapaz novo, que não tinha
nada a ver com a história”, diz uma moradora, que prefere anonimato.
Sobre
as denúncias dos moradores, a reportagem da TRIBUNA DO NORTE questionou
a corporação, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.
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