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quinta-feira, 2 de junho de 2022

Homem é morto durante operação da PM e população realiza protesto

 
 Moradores do Passo da Pátria fizeram fogo em barricada. PM diz que houve troca de tiros
 
Matheus Teodósio, de 21 anos, foi morto na manhã da quinta-feira (2) durante uma operação da Polícia Militar, na comunidade do Passo da Pátria, zona Leste de Natal. Em protesto, familiares, moradores da região e amigos atearam fogo em uma barricada e obstruíram parte da Avenida Governador Rafael Fernandes, na altura da estação da Caern. Eles pediam justiça e alegavam que a vítima teria sofrido disparos à queima-roupa, mesmo após ter se rendido. A Polícia Militar contesta a versão e diz que morte foi provocada por uma troca de tiros.
 
À frente da manifestação estava a irmã de Matheus, Yasmin Teodósio. “Estou revoltada, estava no interior e me disseram que meu irmão tinha morrido. Eu precisava disso? Vir aqui resolver coisas com a funerária por causa do meu irmão morto dessa forma? Falei com ele hoje pela manhã e isso aconteceu depois, a gente só quer justiça”, desabafa. Yasmin conta que o irmão tinha o sonho de ser MC. “Hoje mais um sonho foi interrompido por esses corruptos, que assassinaram covardemente meu irmão. Vão dizer que era envolvido com droga, com arma, mas eles não respeitam a comunidade. A gente não pode nem andar por aqui, que eles chegam atirando, matando, é sempre isso aqui”, completa.

O coronel Sérgio Moura, da PM, nega truculência na abordagem e diz que a morte ocorreu em decorrência de uma troca de tiros, iniciada por Matheus. Ao longo da manhã de quinta (2), os policiais fizeram uma operação na comunidade do Passo da Pátria e apreenderam 1,4 quilo de substância análoga à cocaína; 1,2 quilo de substância análoga à maconha; 980 gramas de substância análoga ao crack e um revólver calibre 38.

“Foi mais uma operação aqui na região contra o tráfico de drogas. Durante a ocorrência foi identificado um indivíduo em 'fundada suspeita' e foi feita a abordagem. Ele atirou contra a viatura, houve a troca de tiros e ele foi a óbito. Foram encontradas com ele grandes quantidades de drogas e uma arma”, afirmou o coronel Sérgio.

Pelo menos quatro viaturas da PM permaneceram no local durante a tarde, depois da operação, para acompanhar o protesto dos moradores. Disparos de arma de fogo e bombas puderam ser ouvidos no local. “Houve essa ocorrência aqui pela manhã, com tiroteio, e a gente segue fazendo aqui a segurança porque a população está fazendo a manifestação, o que é legítima e eles têm todo o direito”, afirma um dos PMs.

No início da tarde, os manifestantes colocaram fogo em pneus e outros objetos na Av. Governador Rafael Fernandes para fechar a via, o que fez com que motoristas e motociclistas recuassem diante da barreira. Além da PM, foram acionadas viaturas da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU) para controlar o tráfego e um carro do Corpo de Bombeiros para apagar as chamas.

Os bombeiros conseguiram controlar o fogo e a via foi liberada, mas após a saída dos agentes, os moradores voltaram a obstruir a via. Os PMs e os bombeiros voltaram para o local e refizeram o processo. “A gente está fazendo isso porque não aguenta mais. Sempre eles entram desrespeitando todo mundo, idoso, criança, não interessa. Chegam de cara coberta e mandam calar a boca, chamando todo mundo de vagabundo. Mataram um rapaz novo, que não tinha nada a ver com a história”, diz uma moradora, que prefere anonimato.

Sobre as denúncias dos moradores, a reportagem da TRIBUNA DO NORTE questionou a corporação, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.

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