Início

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Secretário de Fazenda do RN expõe risco de atrasos salariais se ICMS voltar para 18%

Alíquota do imposto está em 20%, com validade até o fim deste ano, mas governo quer prorrogar

cadu xavier

As declarações do secretário da Fazenda do RN, Carlos Eduardo Xavier, acerca da necessidade de manutenção da alíquota do ICMS em 20% para o ano que vem repercutiram na classe política potiguar. O auxiliar da governadora alertou para o risco de os servidores voltarem a sofrer com atrasos salariais, caso a alíquota do imposto estadual seja reduzida para 18%.

“As despesas de 2024 no mínimo vão ser no mesmo patamar das de 2023. Se a gente já tem um déficit hoje com essa alíquota de 20%, a tendência é esse déficit se aprofundar. O que isso gera? Pode gerar um colapso ainda maior com os fornecedores, pode chegar a colocar em risco, inclusive, o pagamento dos servidores, algo que a gente não viveu nesse governo ainda, e a gente sabe o quão nocivo é isso pra economia do Estado”, disse o secretário em entrevista publicada pelo AGORA RN no último sábado 7.

A lei aprovada pela Assembleia Legislativa (ALRN) em dezembro de 2022, que aumentou a alíquota modal do ICMS de 18% para 20%, prevê que o reajuste no percentual só valerá até o fim deste ano. Sendo assim, para 2024, a expectativa era que o imposto voltasse para o patamar anterior.

No entanto, estados vizinhos, como Ceará, Paraíba e Pernambuco, também aumentaram recentemente suas alíquotas, o que fez com que o governo do RN mudasse de ideia e passasse a pregar a manutenção do imposto no percentual que está atualmente.

Por enquanto, o tema ainda está em discussão interna no governo estadual. No entanto, em breve o assunto precisará sair do âmbito do Executivo e ser debatido no Legislativo. Isso porque o governo precisará enviar um novo projeto para a ALRN, a fim de convencer os deputados a manter o ICMS em 18% durante o próximo ano.

A expectativa do secretário Carlos Eduardo Xavier é que o governo envie a nova proposta à Assembleia na próxima semana. “A gente espera que essa discussão se dê na Assembleia Legislativa na segunda quinzena de outubro”, afirma.

José Dias: “Isso é um assalto ao povo”

Deputado oposicionista, José Dias (PSDB) criticou a proposta de manutenção e afirmou que o governo vai de encontro ao próprio discurso ao mudar de ideia quanto à alíquota modal do ICMS.

“Eu não acredito que a Assembleia dê esse novo cheque em branco para a irresponsabilidade administrativa e financeira. Para mim é um absurdo total, será a maior vergonha para mim”, disse o parlamentar, que é o decano da Casa.

Em relação à possibilidade de atrasos salariais dos servidores estaduais, o deputado afirma que o problema deve ser resolvido pelo governo “administrando bem”.

“Isso é um assalto ao povo. O povo haverá de um dia dar a resposta. Eu acho que nós já erramos muito, mas não perdi a esperança de um dia ver o povo responder. Acredito que não há a menor condição política, tanto em relação aos políticos que militam, que têm cargos, como aos deputados estaduais, como na opinião pública”, acrescentou o tucano.

Femurn apoia ICMS em 20% em 2024

Já a Federação dos Municípios do RN (Femurn) manifestou apoio à proposta do governo de manutenção do ICMS em 20% para 2024. Em nota publicada pela entidade nesta segunda-feira 9, o órgão que representa as prefeituras municipais falou sobre a falta de condições em dar continuidade aos serviços básicos como saúde, educação, assistência, dentre outros, caso o imposto seja reduzido.

Conforme antecipou o secretário Carlos Eduardo Xavier, a Femurn apoiaria a proposta do governo de manter o percentual do imposto. Ele afirmou que os 20% do ICMS mantidos em 2024 representarão R$ 175 milhões a mais em arrecadação para as prefeituras do RN.

Diante disso, o presidente da Femurn e prefeito de Lagoa Nova, Luciano Santos, ressalta que “os municípios tendem a ficar favoráveis à manutenção da alíquota, diante do cenário macro e microeconômico desfavorável, que impõe severas restrições orçamentárias aos municípios brasileiros e em especial aos potiguares castigados pelo aumento do custeio, falta de contrapartida em programas criados pela União, queda na arrecadação fiscal do governo federal, estados e municípios, dentre outras causas”.

A federação lembra que a Fazenda estadual perdeu aproximadamente R$ 500 milhões em receitas apenas entre agosto e dezembro de 2022. Isso ocorreu após a aprovação da LC n° 194/2022, pelo governo Bolsonaro, que fez com que a alíquota do ICMS sobre os combustíveis fosse reduzida para 18%.

“De forma concomitante, como o ICMS é um imposto compartilhado, os municípios potiguares, dada a sua cota-parte, deixaram de arrecadar cerca de R$ 125 milhões”, ressaltou a Femurn.

*Publicado originalmente na edição impressa do AGORA RN desta terça-feira, dia 10 de outubro de 2023.

AGORA RN

Nenhum comentário:

Postar um comentário