
No Rio Grande do Norte, 71.599 empresas apareceram com pelo menos uma conta atrasada no mês de janeiro, segundo o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian. Pelo levantamento, o RN é o sexto em número de negócios nessa situação na região Nordeste e o nono em nível nacional. No Nordeste, foram registrados 1.105.674 negócios com contas atrasadas, estando a Bahia (BA) com o maior número de registros (312.999) e o Piauí na ponta (43.956). Entidades que representam o setor produtivo apontam que a inadimplência afeta o desenvolvimento econômico e põe os negócios em risco.
“O aumento da inadimplência das empresas em janeiro pode ser
atribuído, em grande parte, às despesas típicas de início de ano (IPVA,
IPTU, reajuste de mensalidades e material escolar), refletindo um
cenário sazonal onde as contas acumuladas nesse período impactaram
temporariamente a capacidade de pagamento dos consumidores que,
consequentemente, influenciam no caixa das companhias”, avalia o
economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.
O endividamento das empresas é grave tanto para o desenvolvimento
econômico quanto para as famílias, porque diminui o consumo, fazendo
cair as vendas de produtos e serviços e, por consequência, o poder de
geração de ocupação e renda das empresas.
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte
(FIERN), Roberto Serquiz, diz que isso é preocupante. “Inadimplência é
reflexo de que pessoas perderam o crédito, deixaram de comprar. Com
isso, a movimentação de venda diminuiu e isso é péssimo. Não nos anima
do ponto de vista empresarial porque é um indicativo de que nós estamos
com a ‘doença do crédito’ e esse crédito, quando está abalado, interfere
diretamente no resultado de venda”, diz ele.
Sob a mesma ótica, o presidente da Federação do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo do Estado (Fecomércio RN), Marcelo Queiroz, diz que o
aumento do endividamento põe em risco a própria existência dos
empreendimentos,. “Esse podem, em situações extremas, colapsar a ponto
de ter que fechar suas portas, impactando severamente, mais uma vez, a
geração de oportunidades”, comenta.
Ele diz que reduzir o endividamento das empresas precisa ser uma
bandeira que mereça a atenção dos poderes públicos do mesmo modo que o
endividamento das pessoas tem merecido. “As empresas cujo endividamento é
fruto de condições de mercado, alheias à sua própria gestão, precisam
contar com benefícios que lhe amparem para que possam se recuperar.
Programas de renegociação de dívidas, não apenas com os governos, mas
com bancos e instituições financeiras em geral precisam ser desenhados e
levados adiante, urgentemente”, sugere o presidente da Fecomércio RN.
O Indicador Serasa também mostrou que as empresas do segmento de
“Serviços” puxaram a elevação de janeiro no país, representando 54,9%
das companhias inadimplentes, seguidas pelos negócios do “Comércio”
(36,4%) e “Indústria” (7,5%). “Setor primário” e “Outros” somaram 1,2%.
Na análise nacional, em janeiro, foram registrados 6,7 milhões de CNPJs no vermelho no Brasil. Desse total 6,3 milhões foram de Micro e Pequenas Empresas (MPEs), das quais somavam 43,7 milhões de dívidas e indicavam a média de 6,9 contas atrasadas. As dívidas negativadas das companhias somaram R$ 127,8 bilhões e o ticket médio de cada débito foi estimado em R$ 2705,2. Em média, cada negócio inadimplente possuía 7,1 contas atrasadas.
Micro e Pequenas lideram inadimplência
Do total de 6,7 milhões de empresas inadimplentes no País em janeiro, 6,3 milhões foram de Micro e Pequenas Empresas (MPEs), das quais somavam 43,7 milhões de dívidas e indicavam a média de 6,9 contas atrasadas. No Rio Grande do Norte, a Serasa Experian contabilizou 68.013 empresas desse segmento com contas em atraso.
Ruth Maia, analista técnica do Sebrae/RN, diz que trata-se de um
problema comum entre os pequenos negócios e que pode variar diante de
vários contextos econômicos. “As condições econômicas regionais, acesso
ao crédito, políticas públicas, Covid 19 e a estrutura empresarial são
alguns fatores que podem ter contribuído para o aumento da inadimplência
no RN”, explica.
Segundo ela, apenas o endividamento não é o fator que leva ao
fechamento de pequenos negócios. Geralmente, para chegar a esse
desfecho, as empresas com dificuldades financeiras já tinham certa
dificuldade de operação.
“O fechamento dos pequenos negócios pode se dar por uma combinação de
diversos fatores, como a concorrência, má gestão financeira e
operacional e falta de clientes. Mas existem medidas que podem ser
adotadas para mitigar o problema da inadimplência”, destaca Ruth Maia.
Entre essas medidas estão o planejamento empresarial, gestão
financeira eficiente, política de crédito rigorosa, diversificar as
fontes de receita para não depender de um único mercado ou cliente. Além
disso, negociar com credores prazos e condições de pagamento, ter uma
boa gestão de estoque evitando excessos e capacitar a equipe, além do
investimento em tecnologia, são outros pontos a serem considerados.
“Evitar o endividamento é fundamental para a saúde financeira do
negócio. Lembrando que cada empresa é única, então precisa ser estudada
para encontrar soluções adequadas para o seu tipo de negócio e que ajude
a superar momentos difíceis”, diz a analista do Sebrae/RN.
Mas não se endividar continua sendo um desafio. Maia sugere então que
algumas ações são necessárias para implantar na empresa. “Monitoramento
constante do fluxo de caixa, utilização do crédito consciente, controle
de gastos, planejamento financeiro com projeções de receitas e despesas
que irá permitir uma gestão mais eficaz dos recursos, por exemplo”.
Ela diz ainda que é importante que o empreendedor avalie a saúde financeira de sua empresa constantemente, buscando orientações especializadas quando necessário para tomada de decisões mais assertivas para o seu negócio. Para isso o Sebrae/RN oferece soluções que podem ajudar a se adaptar e se manter no mercado.
NÚMEROS
312.956
é o número de negócios com dívidas na Bahia, liderando o ranking no NE
43.956
é o número de negócios com dívidas no Piauí. É o menor número do NE
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