
A crise climática que atinge o estado do Rio Grande do Sul ligou um alerta em todo o Brasil. As mudanças climáticas intensificadas pela ação humana têm aumentado a ocorrência de desastres ambientais. Um estudo divulgado recentemente pelo governo federal mapeou 1.942 municípios brasileiros suscetíveis a deslizamentos de terra, alagamentos, enxurradas e inundações. Esse número representa quase 35% dos municípios do país. De acordo com o documento, o Rio Grande do Norte conta com 31 municípios em situação de risco.
A Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento, ligada à
Casa Civil da Presidência da República, coordenou o estudo, que foi
solicitado em função das obras previstas no Novo Programa de Aceleração
do Crescimento (Novo PAC). Este programa prevê investimentos em
infraestrutura em todo o país e, por isso, pontua municípios que
deveriam ser priorizados nas ações da União em gestão de riscos e
desastres naturais.
O estudo do governo federal faz a identificação dos municípios mais
suscetíveis à ocorrência aos desastres naturais, nos subgrupos de
deslizamentos, enxurradas e inundações, levando em consideração eventos
ocorridos entre 1991 e 2022. No entanto, o geógrafo Rodrigo Freitas
chama a atenção que no Rio Grande do Norte também existe a ocorrência de
queda de falésias.
“O estudo foi feito a nível nacional, é muito importante para obras do PAC, mas um aspecto que me preocupa, em termos de falésia, é que nem sempre uma obra é o que vai resolver”, pontua Rodrigo. “Em todas as áreas de falésia tem mirantes e visitação, são áreas turísticas. Então me preocupa porque quando acontece um desastre os municípios decretam estado de emergência ou calamidade e fazem um arrimo nas falésias, isso gera outros problemas do ponto de vista da erosão costeira e degrada a paisagem. Mas o estudo não fala isso, faz uma avaliação em escala nacional das áreas suscetívelis a ter desastres”, acrescenta.
O geógrafo aponta que, além dos citados na nota do governo federal e
que possivelmente serão priorizados com relação a recursos, vários
municípios do RN têm um contexto diferente que precisa ser observado com
atenção. “No que tange a deslizamentos, em área urbana é uma coisa, na
praia é um outro contexto, se leva em consideração outros elementos que
não necessariamente são obras”, afirma.
Rodrigo Freitas lembra ainda que além de municípios da Grande Natal,
que constantemente sofrem com alagamentos, existem cidades que são
próximas a rios e propensas a cheias e inundações, como o caso de
Ipanguaçu. O município sofreu com enchentes durante o mês de abril, que
deixaram 16 comunidades ilhadas e bairros debaixo d’água após o
transbordamento de açudes no dia 1º de abril.
“O relatório evidencia algo que já vem acontecendo no estado nos
últimos anos. Os riscos de alagamentos, inundações e cheias sempre vem
ocorrendo aqui, nada na magnitude do Rio Grande do Sul, mas sempre tem
ocorrido. Com decretações de estados de emergência e calamidade, mas em
nível municipal”, pontua Rodrigo.
De acordo com especialistas, o aumento na frequência e intensidade
das chuvas é um dos principais fatores que contribuem para a escalada
dos desastres ambientais. Esse cenário é especialmente crítico para
países em desenvolvimento, como o Brasil, que possuem vastas áreas
territoriais e uma grande parcela da população vivendo em condições
vulneráveis.
Segundo dados do Ministério de Integração e Desenvolvimento Regional
(MIDR), através do Atlas Digital de Desastres no Brasil, o Rio Grande do
Norte soma 1.625 ocorrências de desastres naturais nos últimos 10 anos.
As ocorrências geraram mais de R$ 227 milhões em danos no período. Além
disso, a plataforma aponta para 11 mortes e mais de 17 mil pessoas
desabrigadas ou desalojadas.
São citados no estudo do governo federal os municípios potiguares de Açu; Alto do Rodrigues; Apodi; Caicó; Canguaretama; Carnaubais; Ceará-Mirim; Felipe Guerra; Goianinha; Ipanguaçu; Jandaíra; Jardim de Piranhas; João Câmara; Jucurutu; Luís Gomes; Macaíba; Macau; Mossoró; Natal; Nísia Floresta; Nova Cruz; Parnamirim; Patu; Pendências; Porto do Mangue; Santa Maria; São Gonçalo do Amarante; Tibau do Sul; Touros; Várzea e Venha-Ver.
Tribuna do Norte
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