Jair Bolsonaro (PL) deve ser preso nos próximos dias e assim desaparecerá, pelo menos fisicamente, do noticiário. Ele ficará numa cela especial no temido Complexo Penitenciário da Papuda, no DF, de onde aguardará um êxito de sua equipe de advogados nos sucessivos pedidos de retorno à prisão domiciliar que serão interpostos na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal.
No final da última semana, veio ao conhecimento público a autorização dada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal de Bolsonaro no STF, para que Tarcísio de Freitas (Republicanos) encontre-se com o condenado golpista. A data é 10 de dezembro e, certamente, o ex-presidente já não estará mais em sua mansão localizada no Jardim Botânico, em Brasília. O fato é que a visita, num momento tão tenso, e que deve ocorrer já na Papuda, causou alvoroço, fazendo com que uma onda de especulações passasse a apontar para um anúncio oficial de quem será o nome do líder extremista para a eleição presidencial do ano que vem.
Entretanto, essa euforia nas hostes da extrema direita e nos setores do centrão alinhados ao grupo radicalizado converteu-se em frustração. A visita do governador de São Paulo ao ex-presidente condenado ainda nem ocorreu, mas Bolsonaro já fez saber que não anunciará ninguém. Sim, nenhum nome será ungido como seu sucessor para a disputa presidencial de 2026 com Lula (PT), muito menos o de Tarcísio, e isso teria uma razão na lógica insana do condenado.
Para ele, ainda é possível uma “reversão” de sua situação jurídica, o que reverberaria também no aspecto eleitoral com a suspensão da longa inelegibilidade a que está submetido. A tese é ridícula, uma vez que nada aponta nessa direção, mas o receio de Bolsonaro é outro: ele não quer ser esquecido e largado numa cela após dizer quem é seu representante oficial.
A Fórum apurou que, segundo interlocutores mais próximos do ex-presidente, ele poderia manter esse cenário caótico de indefinição até a data final de lançamento das candidaturas para o pleito do próximo ano, ou seja, 15 de agosto de 2026, apenas 20 dias antes do início do período eleitoral. A decisão de agir assim, dizem esses interlocutores, teria sido também motivada pelo ganho de força que o nome de seu filho primogênito, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), obteve nas últimas semanas, mas também para reforçar a estratégia de seguir dando as cartas até o último momento, mesmo que isso complique seriamente a situação de seu campo político na disputa pelo Planalto.

Nenhum comentário:
Postar um comentário